"Generosidade é um conceito que deriva do latim generosĭtas e
refere-se à inclinação (tendência) para dar e partilhar acima de qualquer interesse ou
utilidade. Trata-se de uma virtude e um valor positivo que se pode associar ao altruísmo, à caridade e à
filantropia. A pessoa generosa quer partilhar, repartir ou distribuir aquilo que tem com
outros menos favorecidos. O seu comportamento tem por base reconhecer as necessidades do próximo e tratar de as satisfazer dentro das
suas possibilidades."
Retirado de: Conceito de generosidade -
O que é, Definição e Significado http://conceito.de/generosidade#ixzz2osx32bA9
Este conceito de dar desinteressadamente não é fácil de transmitir às nossas crianças, para que no futuro sejam adultos justos e generosos. Os contos infantis têm cada vez mais o papel de os ajudar a modelar a sua personalidade e compreender o que é isso de "dar sem esperar nada em troca e ser feliz assim". Mas os contos por si só não ensinam a criança a ser generosa, os adultos que as rodeiam têm um papel fundamental nesta situação, pois não é só dizer que têm que ser generosos, obrigando-as a partilhar as suas coisas, mas também dando o exemplo. Pois para uma criança, o exemplo dos que as rodeiam valem mais do que as palavras que possam ser ditas.

Sugeri aos alunos que comprassem a versão da Porto Editora que se vê na imagem, pois é bem mais barata (6,90€), tem um questionário no final para cada conto e sugestões para trabalhar a obra com os alunos.
Metas
Domínio: Educação Literária.
Objetivo 23: Ler e ouvir ler textos literários.
Descritores: 1 - Ler e ouvir ler obras de literatura para a
infância e textos da tradição popular.
infância e textos da tradição popular.
2 - Fazer a leitura expressiva de pequenos textos
após preparação da mesma.
após preparação da mesma.
Objetivo 24: Compreender o essencial dos textos escutados.
Descritores: 3 - Identificar, justificando, personagens
principais e coordenadas de tempo e lugar.
principais e coordenadas de tempo e lugar.
4 - Delimitar os três grandes momentos da ação:
situação inicial, desenvolvimento e situação final.
5 - Fazer inferências (de agente-ação, de causa-
efeito, de problema-solução, de lugar e de tempo).
situação inicial, desenvolvimento e situação final.
5 - Fazer inferências (de agente-ação, de causa-
efeito, de problema-solução, de lugar e de tempo).
7 - Propor alternativas distintas: alterar características das personagens; sugerir um cenário diferente.
10 - Responder, oralmente ou por escrito, de forma completa, a questões sobre os textos.
Objetivo 25: Ler para apreciar textos literários.
Descritor: 2 - Manifestar sentimentos e ideias suscitados por
histórias e poemas ouvidos.
Objetivo 27: Dizer e escrever, em termos pessoais e criativos.
Descritor: 2 - Manifestar sentimentos e ideias suscitados por
histórias e poemas ouvidos.
Objetivo 27: Dizer e escrever, em termos pessoais e criativos.
Descritor: 3 - Escrever pequenas narrativas.
Desenvolvimento da atividade
Num momento inicial analisamos o título da obra, em particular as palavras "egoísta" e "feliz", procurando o significado no dicionário e refletindo sobre o mesmo, registando as ideias no caderno do projeto "Pensar e Agir" (http://darmaiseb1.blogspot.pt/2013/05/projeto-pensar-e-agir-project-think.html). Em seguida observamos a capa da obra que tinham em mãos, tentando perceber quem seriam as personagens lá retratadas, o que estaria a acontecer e qual seria o tema da história.
Mais uma vez, cada palavra que desconheciam, era registada e afixada no placar, procurávamos o significado no dicionário e os alunos registavam o mesmo no caderno, de forma a enriquecer o seu vocabulário.
O Gigante Egoísta

Terminadas as tarefas anteriores, seguimos a leitura da história. Entretanto as crianças da história conseguem entrar no jardim e a Primavera volta. A dada altura o autor apresenta um menino que chama a atenção do Gigante e que consegue mudar o seu coração tornando-o mais generoso, mas depois desaparece. Questionei então as crianças sobre quem seria aquele menino e o que lhe teria acontecido para nunca mais voltar ao jardim. As respostas foram muito variadas.
Eu acho que o menino que o Gigante
beijou era o Príncipe Feliz. O menino morava
no outro lado da aldeia e viu aquele jardim e foi lá brincar. Depois ele desapareceu, porque teve que
ir governar o seu reino. Eu acho que ele vai voltar para dar para dar outro
beijinho ao gigante e eles vão viver juntos. Depois o menino vai lhe dar um
presente que é ir viver para o castelo e
para também governar com ele, e vão ser muito felizes.
Luana Meireles
Ele era o Príncipe Feliz.
Ele apareceu porque ouviu alguém a
falar do jardim e ele foi lá.
Ele não voltou porque tinha de ir
para casa, e tinha que ir para subir a torre e ficar Príncipe, e não voltou lá porque
a mãe disse que não podia ir lá porque já era muito velha, já quase não podia andar.
Hugo Carvalho
Eu acho que o menino não voltou
outra vez ao jardim porque um ramo da árvore furou-lhe a camisola e teve a
esconder por muito tempo. E também porque ele chegou tarde a casa e os pais
deram-lhe um enorme castigo. Também acho que não voltou porque mudou de casa e
ficava muito longe do jardim e até mesmo porque não sabia onde se situava o
jardim de onde estava. E também porque os pais descobriram que andava a falar
com estranhos (o Gigante e os outros meninos).
Diogo Dias
O menino seria um menino triste.
O menino terá desaparecido, porque
o menino só queria ver como era o jardim do Gigante para ele ter um sítio
bonito para brincar.
O final da história deve ser que o
Gigante foi procurar o menino e encontrou-o preso numa jaula. Tirou-o de lá e o
Gigante trouxe-o para o jardim e ele gostou e viveram felizes para sempre.
David Gama
O final da história é algo inesperado, bem como o menino, que revela ser alguém de quem não estamos à espera. Não revelarei o final, mas é importante refletir com os meninos sobre a verdadeira identidade do menino, pois não é explicito no texto, mas sim implícito. Alguns alunos tiveram dificuldade em compreender, mas com ajuda lá conseguiram.
O Príncipe Feliz
Terminada a história do Gigante Egoísta iniciamos a leitura da história do Príncipe Feliz. Eu sei que nas metas propõem a leitura ou de uma ou de outra, mas na minha opinião, a leitura de uma história sem a outra não tem sentido, ambas completam-se. E foi o que fiz.
Voltamos a refletir sobre o que significa "ser feliz", registando mais uma vez nos seus cadernos do projeto "Pensar e Agir" as suas ideias. Também refletimos sobre o que fazia com que o Príncipe fosse assim tão feliz.
Mais uma vez, terminadas as reflexões, iniciamos a leitura da história, lendo só a primeira parte em que a estátua do Príncipe é descrita e ficamos a conhecer a opinião das pessoas daquela cidade em relação à estátua. Então, pedi aos alunos que, mediante o que leram, que modelassem em "pasta das" a estátua do Príncipe, colocando missangas no lugar do rubi e esmeraldas.
Terminada a tarefa de modelar a estátua do Príncipe, continuamos a leitura até à parte em que a Andorinha pousa na base da estátua do Príncipe e as lágrimas deste caem em cima dela. Nesta altura, refletimos sobre o motivo que levou a que o Príncipe estivesse triste e a chorar, uma vez que era conhecido por ser o "Príncipe Feliz".
Em seguida lemos até à parte em que o Príncipe pede à Andorinha que se vá embora e ela recusa-se a ir e quer ficar com ele. Nessa altura, pedi aos alunos que fechassem os seus livros e que escrevessem um texto imaginando qual seria o desfecho da história.
No dia seguinte a Andorinha, com
pena, partiu para o Egito. O Príncipe ficou com saudades da Andorinha, pois,
nunca na vida dele teve uma amiga assim: amorosa, carinhosa, simpática, etc.
Passado alguns dias, a
Andorinha voltou com duas safiras e com um rubi muito mais rubro.
- Obrigado Andorinha! Agora já
posso ver a tua beleza! - disse o Príncipe. Mas quando olhou a Andorinha estava
morta. O Príncipe começou a chorar. Algum tempo depois a “lágrima sagrada”
caiu-lhe sobre a cabecita e ressuscitou.
- De agora em diante tu vais ser
protegida por mim. Agora e para sempre! – exclamou o Príncipe. A Andorinha
respondeu rapidamente:
- E eu a tua mensageira!
Diogo Dias
- Andorinha,
Andorinha, querida Andorinha faz o que te mando.
- Desta vez não
posso fazer o que me mandas. - disse a Andorinha
Quando a neve
chegou a Andorinha morreu. O Príncipe Feliz ao sentir a Andorinha pousada no
seu ombro começou a chorar sem parar até que...
- Andorinha ,já vejo de novo! Andorinha? Oh não,
morreu!
Quando uma gota
de lágrima caiu em cima da Andorinha ela acordou.
- Príncipe
consegues ver-me? –perguntou a Andorinha.
- Sim!
- Como?
-perguntou.
- Não sei bem,
mas ainda bem que não morreste. –disse feliz.
E mal se
abraçaram cresceu um sol e o Príncipe Feliz voltou a viver e a Andorinha foi
para o Egito.
Ana Cabeço
Depois de terem escrito os seus finais, os alunos partilharam com os colegas as suas histórias. Assim que terminaram, lemos o final da história, mais uma vez, surpreendente e analisamos a atitude das pessoas da cidade em relação à estátua, e o porquê de o anjo ter levado o coração e a Andorinha até Deus.
No final da leitura de ambas as histórias os alunos responderam às questões que o livro apresentava sobre as mesmas.
Reflexões
Decidir trabalhar os dois contos foi um pouco ambicioso dada a extensão do programa e tive alguma dificuldade em cumprir a planificação, mas não me arrependo, pois foi uma obra que mexeu de certa forma com os alunos e eles gostaram muito de a trabalhar. Também o fiz porque o grupo o permitiu, se fosse um grupo maior, com certeza que teria trabalhado apenas uma. Tudo isto depende do grupo de alunos com o qual nos encontramos a trabalhar. Mas estou consciente que as atividades propostas e pensadas demoraram mais tempo do que o previsto a serem executadas. Ficou uma atividade por realizar: a ilustração do anjo a levar o coração de chumbo e a Andorinha a Deus.
Ambas as histórias ensinam-nos que devemos tentar ser generosos, mesmo que não sejamos reconhecidos por todos, como aconteceu com o Príncipe Feliz e a Andorinha. Devemos ser generosos porque as nossas relações assim o pedem, pois só desta forma o mundo será mais pacífico e agradável. Mas nunca esqueçamos, o adulto se quer que a criança seja generosa, não o deve impor, mas sim orientá-la e ser, acima de tudo, o exemplo. Por vezes não temos a noção de como alguns atos que temos afetam e influenciam a vida das nossas crianças.
Bom ano para todos, com muitas e boas leituras, energia e imaginação para conseguirmos chegar cada vez mais aos nossos alunos!
Ana Arada