domingo, 1 de dezembro de 2013

Conto "O Menino Recompensado" da obra "Histórias do Arco da Velha de António Botto


            "Para se julgar um livro de crianças não se requerem regras de estética; o melhor título que ele pode ter é ser lido com prazer sem mistura por crianças, que tudo ignorando da vida, lhe pedem coisas que nós já não lhe pedimos, quer dizer que seja inverisímil, que seja imprevisto, que seja divertido e que varie continuamente de cenas." (CARVALHO, Maria Amália Vaz, A Fada tentadora, 1897)
           Tendo em conta estes cuidados na escolha dos livros a serem trabalhados com crianças, a primeira obra que escolhi para trabalhar este ano letivo foi o conto d' O Menino Recompensado. Trata-se de um conto sobre um menino que, para salvar a vida da mãe que se encontra doente, vai atrás da "planta da vida". Pelo caminho vive várias aventuras e encontra várias personagens bastante interessantes que dão novo alento à história. Como todos os contos, este também conta com personagens fantásticas que fazem voar a nossa imaginação.

       Para ajudar numa melhor planificação, seguem as metas que procurei trabalhar com este conto. 
Domínio: Educação Literária.
   Objetivo 23: Ler e ouvir ler textos literários.
      Descritores: 1 - Ler e ouvir ler obras de literatura para a infância e textos da tradição popular.
2 - Fazer a leitura expressiva de pequenos textos após preparação da mesma.
    Objetivo 24: Compreender o essencial dos textos escutados.
       Descritores: 3 - Identificar, justificando, personagens principais e coordenadas de tempo e lugar.
4 - Delimitar os três grandes momentos da ação: situação inicial, desenvolvimento e situação final.
7 - Propor alternativas distintas: alterar características das personagens; sugerir um cenário diferente.
10 - Responder, oralmente ou por escrito, de forma completa, a questões sobre os textos.
Objetivo 27: Dizer e escrever, em termos pessoais e criativos.
  Descritor: 3 - Escrever pequenas narrativas.
 
Desenvolvimento da atividade
 
       Inicialmente os alunos entraram em contacto com a capa da obra que contém o conto a ser trabalhado. Esta foi projetada no quadro interativo e aconteceu um diálogo com os alunos sobre a imagem, tentando imaginar o tema da história e quais a personagens que possivelmente entrariam na história.

          Em seguida exploramos o título e restantes informações contidas na capa, procurando compreender o significado de "Histórias do Arco da Velha"; "Antologia", etc.
 
         Depois de explorada a capa da obra, exploramos o título da história "O Menino Recompensado", tentando descobrir e compreender o significado da palavra "recompensado".
 
        Feita esta exploração, iniciamos a leitura da obra, que foi projetada no quadro interativo
 
        Foi proposto aos alunos que fizessem um registo de cada palavra que desconheciam o seu significado, escrevendo-as numa folha, afixando-as no placar. Em seguida tiveram que descobrir o seu significado no dicionário e registá-lo no caderno, de forma a enriquecer o seu vocabulário.
 




 
       Ainda no início da leitura do conto, foi entregue aos alunos uma folha A4 de desenho. Nesta folha eles tiveram que ilustrar as personagens que foram aparecendo na história, de acordo com as descrições apresentadas pelo autor.
 
      











        Após a leitura e exploração oral de cada peripécia vivida pelo Henriquinho (personagem principal da história), paramos a leitura no momento em que surge o "Gato gigante":
    
 
     "- Que vens aqui fazer, pequeno? - perguntou o animal - Não sabes que sou capaz de te..."

       Foi, então, pedido aos alunos que imaginassem como o Henriquinho ultrapassou mais um obstáculo e como seria o desfecho da história, redigindo um texto narrativo. 

 

       O Henriquinho ficou assustado e ele virou-se de costas e o gato foi-se embora.
       Ele continuou e encontrou a Planta da Vida e disse:
       - Agora é levar a planta à minha mãe, mas primeiro tenho que passar os obstáculos.
       Ele começou a sua viagem de volta e, quando voltou, encontrou um animal chamado cabra. Quando a cabra o viu disse:
       - Olha, o que estás aqui a fazer, pequeno?- perguntou a cabra.
       O Henriquinho respondeu:
        - Vou voltar para casa.
       A cabra ficou a olhar e foi-se embora. O Henriquinho continuou a sua viagem e encontrou um obstáculo que estava quase perto de casa, que ficava na encosta da montanha. Ele foi corajoso e desceu, até que foi parar a casa da sua mãe. Quando lá chegou o filho deu a Planta da Vida à mãe que a cheirou e ficou boa. O filho ficou muito feliz e a mãe agradeceu a ajuda.
Diogo Gama
 
         Estava quase a dizer “comer” quando o Henriquinho gritou:
- Eu estou à procura da Planta da Vida!!! – O gato espantadíssimo e com muito medo disse-lhe que se ele tirasse todos os piolhos e pulgas dele, que o ajudava. Então o menino começou de novo a trabalhar e tirou todas as pulgas e piolhos e o gato disse:
-Agora que fizeste o teu trabalho vou-te indicar o caminho para a Planta da Vida! - O Henriquinho todo feliz disse:
Obrigado, ou melhor, mil obrigados!! – Então lá foram os dois e o Henriquinho contou-lhe a história dele e o porquê de procurar a Planta da Vida.
Ao chegar lá, o gato explicou-lhe como se devia retirar a Planta da Vida:
-Henrique, vais ter de encontrar a raiz e depois cavas para a tirar. - O Henrique fez o que o gato disse e apareceu a rã. O Henrique suspirou de alívio e disse:
-Oh que bom apareceres, rã, pois queria que me indicasses o caminho para casa. - Ao chegar a casa a Fada do Bem muito orgulhosa disse:
-Agora, vamos curar a tua mãe! - No fim a mãe muito orgulhosa disse:
-Obrigado por me salvares, Henrique, és o meu herói!!
Diogo Dias
       O menino ia a choramingar pela montanha fora e o gato disse:
       -Espera, eu ajudo-te! O que é que tu precisas?
       -Eu procuro a Planta da Vida para curar a minha mãe, porque ela está muito doente.
       O menino subiu para as costas do gato e lá foram eles. Quando chegaram ao cimo da montanha tinha lá umas grades e dentro tinha a planta que o Henrique precisava, mas eles não conseguiam subir às grades.
        A seguir encontraram a rã e ela disse:
        -Precisam de ajuda?
        -Sim. – Disse o Henrique.
        O menino subiu para as costas da rã e saltaram lá para dentro.
        O Henrique viu a planta e disse:
        -Uau! Que bonita planta!
        -Também acho. – disse a rã.
        Depois eles saltaram pelas grades. O gato disse:
        - Eu agora levo-te a casa. Quando chegou a casa, o Henriquinho disse:
        -Mãe, toma cheira para ficares melhor. - A mãe disse:
        -Obrigada filho!
Beatriz Pereira
Nesse preciso momento o chão abre-se e o gato cai disparado. O menino, corajoso como é, vai logo salvá-lo.
- Obrigado. - Disse o gato depois de o menino o salvar.
- Desculpa ter-te dito que te assava. - Disse o gato lambendo-lhe a cara toda.
- Desculpas aceites, amigo. - Disse o menino.
Depois o gato perguntou-lhe.
- Mas afinal o que vens aqui fazer?
-Procuro a Planta da Vida. - Respondeu o menino.
-Ah! A Planta da Vida é aquela ali em cima da montanha. - Disse o gato.
O menino olha para o cimo da montanha e vê uma planta muito brilhante e vermelha.
- É aquela?! – Perguntou o menino, surpreendido.
- Sim. – Disse o gato.
Ele subiu a montanha e lá estava ela, mas apareceu uma mosca gigante. Depois, apareceu a rã e comeu a mosca. O menino conseguiu, assim, curar a mãe.

Ana Cabeço
 

       Em seguida, todos os alunos partilharam as suas histórias. Após a partilha, leu-se o final da história e comparou-se com as previsões feitas pelos alunos.

 

       Assim que se terminou a leitura da história, foi entregue nova folha de desenho em formato A4 para que estes fizessem a ilustração da montanha que o Henriquinho subiu, de acordo com as várias descrições e desafios que lhe foram surgindo ao longo do caminho.
       Para concluir, realizaram as fichas propostas no manual escolar sobre este conto.
 
      No final, foi pedido aos alunos que escolhessem 10 palavras das que foram sendo afixadas no placar, por desconhecerem o seu significado, e que elaborassem um conto em que estas fossem utilizadas.
 

      Para terminar, foi realizada uma pequena exposição dos seus trabalhos relativos a este conto e registamos a linda lição que este nos ensina:

 
Aprendemos que devemos procurar satisfazermo-nos com o prazer de prestar um bom serviço, sendo gratos por tudo e que "... é melhor cada um fazer por si mesmo os esforços precisos para merecer as recompensas e considerar-se feliz.”
 
 

Reflexões
          O conto foi bem recebido pelos alunos, que se mostraram entusiasmados com a história, manifestando bastante curiosidade quanto ao desfecho da mesma. Só houve um aspeto que poderia ter sido melhor pensado. O facto de ter decidido pela projeção da história, dificultou a pesquisa/consulta, por parte dos alunos, para realizarem as diferentes tarefas. Este aspeto deverá ser corrigido numa próxima vez que este conto seja trabalhado.
            "O conto de fadas procede de uma forma que se conforma com a maneira de pensar da criança e com aquilo por que ela vive, e é por isso que o conto de fadas é para ela tão convincente. Ela pode obter muito mais conforto de um conto de fadas do que dos esforços intelectuais e racionais dos adultos para a tranquilizarem. A criança confia no que dizem os contos de fadas porque o mundo destes está de acordo com o seu."(BETTELHEIM, Bruno; Psicanálise dos Contos de Fadas, 1975)
            Os contos não só ajudam as crianças a compreenderem melhor o mundo, a encontrarem respostas para o seu mundo, como, no caso académico, ajudam a desenvolver a sua imaginação e a escrever cada vez mais e melhor. Considero bastante importante a introdução de um domínio exclusivamente dedicado à Educação Literária, com descritores e objetivos bastante precisos, bem como a sugestão de obras a serem trabalhadas, pois dá uma melhor orientação aos docentes em relação aos aspetos mais importantes a serem desenvolvidos nas nossas crianças.

Ana Arada

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